SIAVS 2022: Reflexões que o evento nos deixa

Por Diego Flores C. e Carlos Roeschmann D. *

Nos dias 09, 10 e 11 de agosto foi realizada a edição de 2022 do SIAVS (Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura) em São Paulo, Brasil. O evento reuniu os principais agentes da indústria de produção de aves e suínos no Brasil e também participantes internacionais, que puderam apresentar suas linhas de desenvolvimento e pontos de vista sobre os desafios atuais do setor.

O SIAVS – 2022 confirmou a tendência mundial em torno de  sistemas de produção mais sustentáveis, capazes de atender à demanda dos consumidores por produtos de maior qualidade: livres de resíduos, produzidos sob padrões de bem-estar e amigáveis ​​ao meio ambiente. As conferências abordaram temas como gestão em nível de granjas, bem-estar animal, comercialização e perspectivas para os mercados de proteína animal, mas a questão-chave e transversal em todas as intervenções foi sobre a sustentabilidade dos sistemas de produção.

Mais sustentabilidade e bem-estar animal

O setor enfrenta uma demanda crescente para desenvolver processos sustentáveis ​​que promovam o bem-estar de seus animais. Esta pressão tem a sua origem numa maior sensibilização e acesso à informação por parte do consumidor sobre questões relacionadas à alimentação saudável, o que se traduz na garantia da segurança dos alimentos produzidos e na tendência de escolha de produtos considerados naturais.

Nesse sentido, os sistemas de produção devem enfrentar o desafio de eliminar o uso de antibióticos como promotores de crescimento e reduzir seu uso em doses terapêuticas. No entanto, foi apontado que a eliminação dessas moléculas sem uma reposição adequada se traduz em consequências negativas na saúde dos animais, promovendo o aparecimento de patógenos previamente controlados e impactando negativamente na produtividade dos animais.

Biossegurança e alternativos aos antibióticos

Para os produtores, é importante chegar aos seus clientes com um produto da mais alta qualidade, o que implica em ser livre de patógenos de origem alimentar; os esforços de controle de agentes infecciosos devem incluir planos de biossegurança em todos os processos de produção, manuseio e gerenciamento de resíduos, um plano de vacinação adequado e uma alternativa eficiente ao uso de antibióticos.

O uso excessivo de antibióticos é uma ameaça ao desejo de sustentabilidade dos produtores. O manejo dos sistemas de produção é multifatorial, mas sem dúvida inclui a substituição dessas moléculas por alternativas que possibilitem a manutenção da boa saúde intestinal, o que por sua vez determina o controle de patógenos, como Salmonella spp. ou Campylobacter spp., e aves mais produtivas.

Os expositores destacaram que este é um momento chave para a inclusão de opções aos antibióticos. Como as restrições ainda são parciais, há uma janela de tempo que os produtores devem aproveitar para avaliar alternativas, como bacteriófagos, e usos mistos que levem à redução do uso de antibióticos e sua eliminação a longo prazo.

*Diego Flores C. é Médico Veterinário, especializado em Epidemiologia Veterinária e Carlos Roeschmann D. Médico Veterinário, especializado em Reprodução Animal. Ambos atuam na PhageLab em Santiago, Chile. 

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